Selic sobe para 13,25% e pode impactar negativamente no agronegócio

Selic sobe para 13,25% e pode impactar negativamente no agronegócio

No dia 29 de janeiro de 2025 o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, elevou a taxa Selic para 13,25%, sendo a quarta vez em que houve um aumento desde agosto de 2022.

O aumento da taxa Selic afeta diretamente a economia brasileira e é uma das principais ferramentas do Banco Central para controlar a inflação e equilibrar o mercado financeiro. Mas por que isso acontece e quais são as consequências dessa decisão?

Embora aumentar a Selic seja uma estratégia eficaz para controlar a inflação, essa medida pode ter efeitos colaterais, como:

  • A desaceleração do crescimento econômico;
  • Aumento do desemprego;
  • Possibilidade de aumento da inadimplência;
  • Redução do investimento em infraestrutura;
  • Impacto econômico na lucratividade de exportações;

E quando se trata do agronegócio, o aumento da Selic pode criar um ambiente desafiador, elevando os custos de financiamento, reduzindo a demanda e impactando a competitividade das exportações. As empresas B2B que abastecem o agronegócio precisam se atentar, já que esse movimento afeta diretamente no poder de compra dos produtores.

Neste artigo, você irá entender ponto a ponto a importância desse movimento e quais os seus impactos no agronegócio.

Por que houve um aumento da taxa Selic em 2025?

A taxa Selic influencia diretamente no custo do crédito e no consumo, e quando a inflação está alta, o Banco Central eleva a taxa para encarecer empréstimos e financiamentos. Esse movimento no mercado econômico reduz a circulação de dinheiro e a demanda por produtos e serviços, ajudando a estabilizar os preços.

Em uma breve consultoria com Hugo Almeida, Diretor de Operações da EEmovel Agro, o economista compartilhou sua análise sobre os efeitos do aumento da taxa Selic no mercado agro.

Esse aumento da taxa selic tem impactos positivos e negativos no mercado agro. Com uma expectativa de reduzir os custos de produção devido a valorização do real, porém, pode desestimular os investimentos no setor devido ao encarecimento do crédito no mercado.

Nesse contexto, é importante entender como essa elevação da Selic se relaciona com os verdadeiros motivos dessa mudança econômica. 

Controle da inflação

Essa prática é uma maneira do Banco Central controlar a inflação e, consequentemente, preservar o poder de compra da população. E essa afirmação é válida sob certas condições, em especial as duas a seguir:

  • Estabilidade de preços: Quando a inflação é controlada, o poder de compra da moeda é preservado. Se a inflação estiver alta e não for controlada, o valor real do dinheiro diminui, o que significa que as pessoas podem comprar menos com a mesma quantia de dinheiro.
  • Credibilidade do Banco Central: Um Banco Central que age de forma eficaz para controlar a inflação tende a ganhar a confiança dos investidores e da população. Isso pode resultar em um ambiente econômico mais estável, o que é benéfico para todos os agentes econômicos.

Política monetária restritiva

O aumento da Selic faz parte de uma estratégia chamada política monetária restritiva, que busca frear a economia para conter o avanço dos preços. Os principais objetivos dessa política são:

  • Reduzir a circulação de dinheiro: Ao elevar os juros, o custo do crédito aumenta, desestimulando o consumo e os investimentos. Isso resulta em uma diminuição da quantidade de dinheiro em circulação na economia.
  • Controlar a inflação: A redução da demanda por bens e serviços, causada pelo encarecimento do crédito, ajuda a conter o aumento dos preços, estabilizando a inflação.
  • Atração de investimentos em renda fixa: Com juros mais altos, os investimentos em produtos de renda fixa, como CDBs e Tesouro Direto, se tornam mais atrativos, incentivando os investidores a alocar seus recursos nessas opções em vez de em ativos de maior risco.
  • Equilíbrio econômico: O desafio do Banco Central é encontrar um equilíbrio entre conter a inflação e não prejudicar excessivamente o crescimento econômico. Uma política monetária muito restritiva pode levar a uma desaceleração econômica e aumento do desemprego.

Em resumo, a política monetária restritiva é uma ferramenta crucial para os bancos centrais, visando manter a estabilidade econômica e controlar a inflação, mas requer um manejo cuidadoso para evitar efeitos adversos no crescimento econômico. Neste cenário, o Banco Central precisa encontrar um equilíbrio: subir os juros o suficiente para conter a inflação sem prejudicar demais o crescimento econômico.

Decisões do Copom

O Copom é o órgão responsável por definir a taxa Selic no Brasil. A cada 45 dias, seus membros se reúnem para analisar os principais indicadores da economia e decidir se mantêm, reduzem ou aumentam a taxa.

  • Quando a inflação está dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, o Copom pode optar por reduzir a Selic para estimular a economia.
  • No entanto, quando os preços sobem de maneira preocupante, o Copom aumenta os juros para conter a inflação.

Esse processo é essencial para garantir a estabilidade econômica do país no longo prazo.

Cenário econômico global

Fatores externos também influenciam as decisões do Banco Central sobre a Selic. Alguns dos principais pontos são:

  • Juros nos Estados Unidos: Quando o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) eleva as taxas de juros por lá, investidores estrangeiros retiram dinheiro de mercados emergentes, como o Brasil, para investir em ativos mais seguros e rentáveis nos EUA. Para evitar essa fuga de capital, o Brasil também precisa elevar sua taxa de juros e manter a atratividade dos investimentos locais.
  • Crises internacionais: Conflitos geopolíticos, desaceleração econômica em grandes potências e mudanças no mercado de commodities podem impactar a economia brasileira e pressionar a inflação, tornando necessário um ajuste na Selic.
  • Câmbio e Dólar: Se o real se desvaloriza muito frente ao dólar, isso encarece importações e pode aumentar a inflação, forçando o Banco Central a subir os juros para conter esse efeito.

Impacto do aumento da Selic no agronegócio brasileiro

O recente aumento da taxa Selic para 13,25% pelo Banco Central traz uma série de desafios para o agronegócio brasileiro em conjunto com o impacto econômico neste mercado.

Com o encarecimento do crédito, os produtores rurais podem enfrentar dificuldades para financiar a aquisição de insumos e maquinário, o que pode levar a uma redução significativa nos investimentos no setor. Essa situação compromete a modernização das operações agrícolas, além de impactar na competitividade do agronegócio no mercado nacional e internacional.

Além do aumento dos custos de financiamento, a elevação da Selic pode desacelerar a demanda por produtos agrícolas. Com o poder de compra dos consumidores em queda, as vendas de alimentos e outros bens do agronegócio podem ser afetadas negativamente. Essa diminuição na demanda pode resultar em uma pressão adicional sobre os preços, prejudicando a rentabilidade dos produtores e criando um ciclo de incertezas econômicas que pode se estender por todo o setor.

Outro ponto de impacto é a valorização do real, que pode tornar as exportações brasileiras menos competitivas. Com a Selic alta, investidores tendem a buscar aplicações em renda fixa, desviando recursos de ativos mais arriscados, como ações de empresas do agronegócio.

Essa mudança no comportamento do investidor, aliada ao aumento da inadimplência entre os produtores, pode criar um ambiente financeiro desafiador. Portanto, é essencial que os agentes do agronegócio se adaptem a essas novas condições e busquem estratégias para mitigar os impactos negativos dessa política monetária restritiva.

Impacto no crédito e investimentos

O aumento da Selic gera consequências diretas na economia brasileira, afetando tanto os consumidores quanto as empresas, em especial aos investidores brasileiros e estrangeiros.

Pontos positivos do aumento da Selic

  • Aplicações como Tesouro Selic e CDBs se tornam mais atrativas, oferecendo maior retorno com menor risco.
  • A alta dos juros aumenta a rentabilidade das contas de poupança, incentivando a economia.
  • A elevação da Selic ajuda a conter a inflação, preservando o poder de compra e garantindo estabilidade econômica.
  • Taxas mais altas tornam o Brasil um destino atrativo para investidores em busca de retornos elevados.
  • O aumento da Selic pode valorizar a moeda local, beneficiando consumidores que importam produtos.

Pontos negativos do aumento da Selic

  • Financiamentos imobiliários, empréstimos e parcelamentos ficam mais caros.
  • Empresas enfrentam mais dificuldades para obter crédito, o que pode desacelerar a economia.
  • O encarecimento do crédito pode elevar o custo de vida, afetando especialmente quem depende de financiamentos.
  • O aumento dos juros pode levar à redução de gastos e investimentos por consumidores e empresas.
  • Setores dependentes de crédito podem sofrer com a diminuição da demanda e geração de empregos.
  • O encarecimento do crédito aumenta o risco de inadimplência entre consumidores e empresas, resultando em perdas financeiras.

Como remediar os impactos negativos do aumento da Selic no agro?

O primeiro olhar de mercado que as empresas B2B precisam adquirir dentro da própria operação é o de redução de custos e ampliação da lucratividade.

Com os proprietários rurais sendo impactados com um baixo poder de mercado, a principal recomendação é voltar as campanhas para aqueles proprietários com maior capital e potencial de compra. Além disso, também vale a pena investir em campanhas segmentadas entre os proprietários com maiores áreas plantadas, que levam a tendência de terem mais lucros, portanto, mais capital para investimento.

Esse foco em vendas para proprietários de dentro da carteira se chama Customer Share, e as campanhas segmentadas podem ser analisadas e construídas através de consultas na plataforma da EEmovel Agro.

Outra ação recomendada, em especial para empresas que já avaliaram seu momento de mercado e pretendem expandir os negócios em 2025, é a adoção de foco em aumento do Market Share.

Com essa métrica é possível calcular a fatia de mercado das empresas no agro dentro de uma região específica com a intenção de tomar decisões baseadas em fatos.

No entanto, a EEmovel Agro compreende que há uma falta de informações no agronegócio, fazendo com que inúmeras empresas tomem decisões baseadas somente no seu conhecimento empírico e dados desatualizados. Através do Mercado Pleno, um cálculo desenvolvido pela Datatech para calcular exatamente o verdadeiro potencial lucrativo das empresas nas regiões em que atuam, ou novas regiões, os grandes líderes do setor conseguem tomar decisões estratégicas.

É na busca de suprir essa necessidade que a empresa desenvolveu sua plataforma. Neste mercado onde há um um grande buraco de desinformação em relação às métricas do mercado, a plataforma surge com a proposta de levar poder de autoridade aos gestores, diretores e demais cargos de liderança do mercado.

Para desenvolver estratégias baseadas em fatos e dados de mercado, entre em contato conosco agende uma reunião com o nosso time especialista em Inteligência de mercado

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