Secas prolongadas exigem irrigação excessiva para produção de commodities agrícolas
As condições climáticas seguem sendo o desafio dos produtores rurais em todo o Brasil. As fortes e prolongadas chuvas que atingiram o Centro-oeste, Sudeste e principalmente, o Sul, atrasaram o plantio de diferentes culturas, entre elas o arroz.
Já no Matopiba, o cenário é diferente. As secas intensas, com alta luminosidade e temperaturas elevadas, comprometem o desenvolvimento e a produção das culturas.
Chuvas abaixo da média, tempo seco por períodos longos é o cenário visto na região nos últimos meses. A expectativa é de que em novembro o cenário mude, mas ainda assim com baixas precipitações.
Histórico hídrico no Matopiba
Matopiba é um território de fronteira agrícola, considerado importante para o setor no Brasil. Isso porque está localizado na zona de transição entre a Amazônia Oriental e o Cerrado.
É hoje considerada a maior área de contato entre floresta e savana nos trópicos e as mudanças que vão de vegetação nativa para área agricultável, são os principais influenciadores das secas na região.
Um estudo publicado no Nature Scientific Reports, aponta que uma alternativa sustentável seria a expansão da agricultura sobre áreas de pastagem, como tem acontecido na última década na região do Cerrado, exceto Matopiba. Em que a expansão tem sido realizada sobre áreas de vegetação nativa.
Essa transformação de áreas tem gerado as mudanças climáticas que afetam o desenvolvimento e produção dos grãos. Neste caso, a escassez de água e as altas temperaturas da região.
Durante o El Niño, o estudo destacou que há um aumento de 20% na evapotranspiração e chuvas irregulares com precipitações abaixo da média.
Segundo os pesquisadores, estas são mudanças visualizadas nos últimos quatro anos na região e que podem influenciar no futuro agrícola do Matopiba.
Falta de água no Matopiba – futuro
Na Amazônia oriental, o estudo já apresentou tendência para estações secas e chuvas tardias. Já que é o lugar com maior índice de desmatamento.
O estresse hídrico se estende para além da Amazônia Oriental, alcançando o Cerrado e o Matopiba, onde o cultivo de soja é comum. Estas condições climáticas podem gerar instabilidade na produção agrícola, baixa produtividade e também insegurança alimentar brasileira.
Por ser a soja, a principal commodity produzida e comercializada no mercado internacional, as mudanças podem impactar no preço da commodity e consequentemente, a queda de exportação do grão.
O calor excessivo e a seca prolongada geram crescentes déficits hídricos não apenas neste ano, como também nos últimos 20 anos.
Por outro lado, o uso excessivo de ferramentas de irrigação no Matopiba, pode comprometer entre 30% e 40% a demanda por irrigação entre 2025 e 2040. Impulsionando a estagnação da produção agrícola na região.