A safra mundial tem chances de ser afetada pela doença em cerca de 13,5 milhões de hectares
A brusone, doença que ataca folhas e espigas de trigo, tem ganhado força. Estudos da Embrapa Trigo, afirmam que a safra mundial tem chances de ser afetada pela doença em cerca de 13,5 milhões de hectares. Além disso, pode reduzir a produção mundial do grão em 13%.
Uma velha conhecida das lavouras de todo o mundo, a doença revelou uma epidemia que afetou 3 milhões de hectares com trigo na América do Sul na década de 1990. Mais tarde, em 2009 e 2012, foram 40% das lavouras no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo comprometidas já na fase de espigamento.
A brusone já é considerada uma ameaça em 6,4 milhões de hectares de trigo em todo o mundo. De acordo com as mudanças climáticas que vêm ocorrendo, as chances de epidemias e perdas significativas se tornaram maiores.
O que é a doença Brusone?
Denominada como Pyricularia grisea, o fungo ataca lavouras em lugares onde as temperaturas são elevadas e há grande incidência de umidade. Nesse sentido, foram registrados surtos da doença em 2023 no Rio Grande do Sul, período em que as temperaturas mínimas de inverno chegaram aos 15ºC.
A Brusone é mais conhecida nos cultivos de arroz, trigo, cevada e outros cereais. Além disso, é mais comum em países tropicais e subtropicais. Seu ataque independente da posição na planta, pode afetar até 100% do rendimento da lavoura, trazendo perdas significativas para o produtor rural.
É um fungo que pode ser disseminado no ar e também em produtos contaminados. Ou seja, é levado a outras regiões, estados e países por meio da comercialização internacional.
Para combater a doença são necessários tratamentos intensos da lavoura. Em média os fungicidas combatem apenas 50%, o que exige mais tratamentos e também, mais agressivos, segundo estudos publicados pela UFSM.
Mercado brasileiro
Quando o assunto são os grãos de arroz produzidos pelo Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 70% da produção nacional do produto, um surto e/ou epidemia de brusone no estado, prejudicaria toda a produção nacional.
O mesmo cenário poderia ser refletido para o Paraná e São Paulo. Já que são estados que representam grande parte da produção de trigo no País, quando falamos neste cereal.
Segundo o Canal Rural, no ano de 2023 foram exportadas 3 milhões de toneladas, com uma safra de 10 milhões de toneladas. Já para 2024, a expectativa de produção é próxima a quantidade do ano anterior. No entanto, com diferença na exportação que deve bater novo recorde com 3,7 milhões de toneladas de trigo.
Uma doença com ataques significativos, poderia balançar a comercialização dos produtos, não apenas no mercado interno, mas também em todo o mundo.