Logística e Armazenagem: 43% da produção de grãos deve ficar do lado de fora dos silos

O Brasil precisaria de um investimento anual de cerca de 15 bilhões em infraestrutura de armazenagem

Secas e enchentes são problemas enfrentados em pelo menos duas safras no Rio Grande do Sul. Mas agora o estado enfrenta outro grande problema que não acomete apenas o sul do País, mas o agronegócio nacional.

Segundo dados do Sistema de Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras (Sicarm) da Conab, atualmente o Brasil possui capacidade disponível para armazenamento de 205,8 milhões de toneladas. São 11.651 silos e armazéns para guardar os grãos.

No entanto, o número de grãos esperados para a safra 2023/24 deve ser maior. Segundo estimativas da Conab, para 295,6 milhões de toneladas, ou seja, cerca de 43% a mais do que a capacidade disponível para armazenamento, em 2024.

O estado que mais sofre com a falta de espaço para guardar os grãos é Mato Grosso. Consequentemente o maior estado produtor de soja no País. Com a crescente expansão da agricultura, em média 10,9 milhões de toneladas de grãos por ano, os armazéns e silos tendem a sobrecarregar.

E ainda, apesar de ser um dos estados com maior nível de armazenagem, junto com Paraná e Rio Grande do Sul, nenhum dos três estados conseguem estocar e armazenar os grãos produzidos. Estima-se que o Mato Grosso armazene apenas 48% de todos os grãos que produz.

Apenas o Sudeste teve capacidade de armazenar todo o estoque que produziu em 2023.

Influências no déficit de armazenagem

Um aspecto que também influencia nesse cenário negativo, são as oscilações nos preços das commodities que fazem com que os produtores, ao invés de vender as sacas de grãos, optem por mantê-las armazenadas esperando uma nova onda positiva nos preços dos grãos.

A armazenagem é uma estratégia eficaz do mercado interno para tornar o grão mais competitivo no mercado internacional. Porém com falta de espaço e logística afetada, os produtores precisam procurar outros meios para manter os grãos rentáveis.

A ausência de investimentos e incentivos públicos é, hoje, o cenário mais aparente no agronegócio. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Brasil precisaria de um investimento de cerca de 15 bilhões por ano em infraestrutura de armazenagem.

Porém essa não é a realidade do País. Enquanto a produção cresce em larga escala, os investimentos aumentam metade do total da produção, ou seja, não o suficiente para atender toda a demanda.

O Plano Safra 2024/25, anunciou em julho, o montante de R$7,8 bilhões para o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns, ao menos metade do valor necessário para o setor.

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